Em um ano em que só se falava de “Alice no País das Maravilhas”, um arrasa-quarteirões de alto nível chega aos cinemas. “Kick-Ass – Quebrando Tudo” faz o melhor equilíbrio entre ação e comédia do cinema recente, o que é bem difícil, já que um lado sempre tenta abocanhar mais do outro. Com uma história deliciosa, personagens inesquecíveis e um ritmo contagiante, “Kick-Ass” é um dos melhores filmes do ano.

Dave Lizewski (Aaron Johnson) é um adolescente como qualquer outro, exceto por sua fascinação por super-heróis. Ele, aliás, vai além e decide se tornar um. Com uma fantasia estranha e bastante força de vontade, ele encarna Kick-Ass. Só que ele pouco consegue fazer além de apanhar. No meio de suas tentativas frustradas, é salvo por dois distintos heróis: Big Daddy (Nicolas Cage) e Hit Girl (Chloë Moretz), que estão em uma cruzada para eliminar um perigoso líder do crime, Frank D’Amico (Mark Strong).

O melhor de “Kick-Ass” é a falta de preocupações com o politicamente correto. Pessoas morrem neste filme, e às vezes de formas horrendas. O que mais causou furor foi o papel da pequena Chloë Moretz (“500 Dias com Ela”), como Hit Girl: ela xinga e mata sem piedade, quando não faz as duas coisas ao mesmo tempo. Hit Girl só ajuda a dar mais frescor ainda a “Kick-Ass”. A menina dá um show, aliás. Aaron Johnson conduz muito bem a sua parte, a do jovem comum que tenta fazer algo extraordinário, emprestando um pouco do humor de filmes como “Superbad”. E Nicolas Cage está impagável como Big Daddy, e vale o filme.

Com um desfecho mais otimista e doce que a graphic novel (mas que funciona perfeitamente no longa), Kick-Ass é uma diversão atípica: choca e provoca o riso na mesma medida, conseguindo também privilegiar seus personagens sem jamais sacrificar a história. É, em suma, tudo o que Heróis Muito Loucos tentou ser e não conseguiu – e, apenas por isso, já mereceria gerar sua própria franquia. Hit-Girl merece voltar às telas.

“Kick-Ass” é diversão garantida, apesar de estarmos em uma época onde esta expressão é usada para qualquer coisa. Deixe de lado aqueles filmes de ação meia-boca que entopem os cinemas todas as semanas e mergulhe no universo desta história maluca. Ninguém vai querer sair.

Créditos: Ricardo Prado